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Novidade

Programa Escritor Efetivo - Transformando Silêncios em Palavras

Apresentação Sem blá-blá-blá nem mi-mi-mi e, principalmente, sem promessas, pois compreendo que não existe garantia para nada na vida , o Escritor Efetivo é um Programa de Qualificação voltado para Escritores Iniciantes, com ou sem originais prontos, que nunca tenham lançado um Livro ou que caíram na conversa de algum espertalhão e perderam dinheiro e credibilidade lançando um Livro "de qualquer jeito". O Propósito do PEE - Programa Escritor Efetivo é a "Efetividade" desde o primeiro passo e está direcionado para a Autopublicação ... Como "Efetivo", preconizamos o Escritor certo, escrevendo o Texto certo, no Gênero certo, da Maneira certa, no Tempo certo e com Qualidade certa para o Leitor certo... Aqui a  Qualidade  é vista, pela ótica do TQC - Controle de Qualidade Total , aplicado ao Mercado Literário , como um elemento composto de 5 Dimensões :  Qualidade Intrínseca: do Produto (Livro), considerando o trinômio Conteúdo (Quem, O Que, Com Quem,...

Arista - O Silêncio do Beija-flor: Prefácio


Há momentos na vida de um psicólogo – e, ouso dizer, na vida de qualquer indivíduo que se debruça sobre os mistérios da existência – em que nos deparamos com narrativas que transcendem o mero entretenimento. São obras que nos convidam a uma espécie de diálogo silencioso, uma imersão profunda nas complexidades da mente e do espírito. “Arista, até o fim do mundo”, o primeiro volume desta trilogia de Vital Sousa, foi, para mim, um desses encontros marcantes. Uma leitura que, confesso, reverberou em minhas reflexões profissionais e pessoais, que tive o privilégio de destrinchar em uma crítica literária que, pelo visto, encontrou ressonância no próprio autor, culminando neste honroso convite para prefaciar o segundo ato: “Arista – O Silêncio do Beija-flor”.


Desde o primeiro volume, fui instigada pela maneira como Vital Sousa articula a fragilidade e a potência da memória, a escorregadia natureza da identidade e as sombras da manipulação psíquica. Cadu, o viajante amnésico em busca de si mesmo, tornou-se um espelho de questionamentos universais: quem somos quando as âncoras da lembrança se desfazem? Qual a fronteira entre o real e o fabulado em nossa própria narrativa interna? Essas indagações, tão caras à Neuropsicologia – minha área de especialização – ganham contornos vívidos em sua prosa.

E agora, com “O Silêncio do Beija-flor”, a promessa é de uma jornada ainda mais intrincada, onde as sutilezas da alma parecem dançar com as verdades mais brutais do inconsciente. O título, por si só, é uma pérola de ambiguidade e beleza. O beija-flor, um ser tão pequeno e vibrante, cuja agilidade e delicadeza o tornam quase etéreo, evoca uma existência à beira do visível, uma melodia quase inaudível em sua velocidade. Seu silêncio pode ser a ausência de um canto, o luto por uma voz perdida, ou talvez uma forma de comunicação tão profunda que transcende a audição, acessível apenas àqueles dispostos a ouvir com a alma. No contexto desta narrativa, este silêncio pode ser a metáfora para as verdades suprimidas, os traumas não elaborados, ou a essência mais pura que se esconde sob camadas de artifício e ilusão.

No consultório, testemunhamos diariamente a engenhosidade da mente humana em proteger-se, em reescrever sua própria história para suportar o insuportável. Quantas vezes não nos pegamos questionando a validade de uma lembrança? A memória, essa função cognitiva tão fascinante e complexa, é o alicerce sobre o qual construímos nossa identidade. No entanto, ela não é uma gravação fidedigna, mas uma reconstrução constante, suscetível a vieses, a distorções, a omissões. Em casos extremos, como na amnésia que permeia a experiência de Cadu, ou nas sugestões de manipulação psíquica que pontuam a trama, a obra nos força a confrontar o quão maleável pode ser aquilo que consideramos inabalável em nosso senso de ser.

Este não é, portanto, um livro para ser lido com a superficialidade de quem busca apenas uma trama escapista. É uma obra que exige cumplicidade, paciência e uma disposição genuína para o mergulho. Vital Sousa tece uma rede de eventos e estados mentais que se assemelham, guardadas as devidas proporções, à complexidade de um labirinto cerebral, onde cada sinapse pode ser um caminho, uma falsa pista ou a chave para um insight transformador. A cada página, somos desafiados a decifrar não apenas o enredo, mas a nós mesmos, as ressonâncias que essa ficção profunda e inquietante provoca em nossas próprias paisagens internas.

Em um mundo onde a saúde mental ganha, felizmente, cada vez mais centralidade no debate público, narrativas como esta são de grande valor. Elas nos permitem explorar, de maneira segura e mediada pela arte, as zonas cinzentas da mente humana: o medo, a paranoia, a busca por controle, a resiliência diante da adversidade e a incessante procura por sentido. A obra de Sousa não oferece respostas prontas, nem pretende ser um manual de desenvolvimento pessoal. Pelo contrário, ele estimula o questionamento, convida à reflexão sobre o que é “normal” ou “anormal”, e como a percepção da realidade pode ser drasticamente diferente para cada indivíduo, dependendo de suas vivências, de seus traumas e, crucialmente, de suas memórias.

Minha experiência como neuropsicóloga me ensinou que a mente humana é um universo em constante expansão, dotado de uma capacidade assombrosa de adaptação e ressignificação. Contudo, essa plasticidade, essa habilidade de reconstruir, pode ser tanto uma bênção quanto uma maldição, especialmente quando operada por forças externas ou internas que visam o controle. “Arista – O Silêncio do Beija-flor” explora exatamente essa dualidade, a dança perigosa entre a autonomia da consciência e as forças que tentam moldá-la.

O autor, com a sensibilidade de um observador perspicaz, não se limita a contar uma história; ele a vive através de seus personagens, e nos convida a vivê-la com eles. A tensão entre o que é “lembrado” e o que é “real” torna-se quase palpável, e o leitor se vê impelido a discernir, junto com Cadu, qual a verdade que reside por trás do véu das aparências. É um convite à escuta atenta, não apenas dos diálogos e da trama, mas dos próprios silêncios, das entrelinhas, das omissões que, muitas vezes, guardam as revelações mais perturbadoras.

Esteja avisado: este não é um romance que se fecha em si mesmo; é um convite a revisitar a si mesmo, em espelhos por vezes desconfortáveis, em paisagens internas que talvez você não soubesse que existiam. A trilogia Arista não busca apenas entreter, mas provocar um movimento interno, uma desconstrução de certezas. E, talvez, a verdadeira magia da obra resida precisamente nessa capacidade de nos confrontar com a nossa própria capacidade de ressignificação e, por que não, de reinventar nossa própria narrativa.

Que a leitura de “Arista – O Silêncio do Beija-flor” seja para você, caro leitor, um catalisador de insights e uma jornada tão enriquecedora quanto tem sido para mim.

Que esta leitura seja para você um voo tão profundo e revelador quanto o próprio silêncio do beija-flor.


Dalila Dourado
Psicóloga, Neuropsicóloga, 
Especialista em Saúde Mental, Mestre em Psicologia.

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Arista - Até o Fim do Mundo: Comentários / Críticas

Sabe aqueles livros que você se pergunta: “Será que entendi o final?” E esta pergunta não significa que foi ruim, pelo contrário, significa que o livro mexeu com a sua consciência. Apresentando uma linda capa com 254 páginas está com preço muito bom para livro digital e caro para livro físico. Acredito que se entrar em contato com o escritor em suas redes sociais o valor seja acessível. A história é sensacional. Você não larga mais e se sente como o personagem Cadu. Não sabe se é alucinação, sonho ou realidade. Cadu é um homem de seus quarenta e poucos anos que está numa cidade para uma reunião de negócios. Divorciado, pais de duas moças, leva sua vida de maneira tranquila. Após uma tempestade na cidade nada faz mais sentido e o convite para conhecer uma ilha menos ainda. Ao decidir visitar esta ilha, Cadu entra num mundo diferente e cheio de segredos e surpresas. Já teria vivido isto antes? Diante de tanto contexto, constatamos que a percepção humana e seus pensamentos e atitudes são...

Arista - Até O Fim Do Mundo: Críticas / Comentários

"Arista - Até O Fim Do Mundo" , de  Vital Sousa , é uma obra que se desdobra em camadas múltiplas, tanto narrativas quanto psicológicas, conduzindo o leitor por uma jornada que transcende a simples leitura; é uma exploração da psique humana em suas mais profundas e enigmáticas facetas. A partir da perspectiva de Carlos Eduardo Romero (Cadu), o autor nos imerge em uma narrativa que é simultaneamente um diário de viagem e um tratado sobre a fragilidade da memória, a busca pela identidade e o significado da existência. O livro se situa nas vésperas do “bug do milênio”, um período marcado por incertezas e temores sobre o futuro, refletindo, de maneira simbólica, as inquietações que habitam o âmago de Cadu. As lembranças que emergem em sua mente, indistintas entre realidade, sonhos ou delírios, são representativas da amnésia global transitória, uma condição que metaforiza a perda de identidade e a desconexão com a realidade que muitas vezes aflige o ser humano em momentos de crise...

Arista - Até o Fim do Mundo: Comentários / Críticas

Preparem-se, iremos embarcar em uma jornada incrível, navegando na Ilha Misteriosa! Uma experiência digna de ser vivenciada e lida – vai ficar de fora? A leitura do livro "Arista – Até o Fim do Mundo" , 2ª Edição, conduz a uma profunda compreensão dos processos emocionais da psique humana. Mais do que uma simples leitura, desperta para além, permite ultrapassar a escrita e suas codificações ocultas. Trata-se de uma travessia à jornada interior. Neste sentido, Arista é um verdadeiro portal para explorar uma narrativa envolvente, repleta de mistério e segredo, cativante e marcante, que enfatiza a complexidade da experiência humana, provocando uma vivência sensorial e emocional. A atmosfera, a tensão e o encantamento da história estão sempre presentes. Cada página desperta emoções, convida à introspecção e fortalece a consciência sobre o mundo interior e o coletivo. Uma narrativa envolvente, confesso que fui profundamente tocada ao sentir “o mundo do livro”, absorvida pela atmos...