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Novidade

Programa Escritor Efetivo - Transformando Silêncios em Palavras

Apresentação: Sem blá-blá-blá nem mi-mi-mi e, principalmente, sem promessas, pois compreendo que não existe garantia para nada na vida , o Escritor Efetivo é um Programa de Qualificação voltado para Escritores Iniciantes, com ou sem originais prontos, que nunca tenham lançado um Livro ou que caíram na conversa de algum espertalhão e perderam dinheiro e credibilidade lançando um Livro "de qualquer jeito". O Propósito do PEE - Programa Escritor Efetivo é a "Efetividade" desde o primeiro passo e está direcionado para a Autopublicação ... Como "Efetivo", preconizamos o Escritor certo, escrevendo o Texto certo, no Gênero certo, da Maneira certa, no Tempo certo e com Qualidade certa para o Leitor certo... Aqui a  Qualidade  é vista, pela ótica do TQC - Controle de Qualidade Total , aplicado ao Mercado Literário , como um elemento composto de 5 Dimensões :  Qualidade Intrínseca: do Produto (Livro), considerando o trinômio Conteúdo (Quem, O Que, Com Quem...

Desencontro Marcado


Mais um Natal; mais uma visita dos Espíritos do Natal. Hoje, deu o ar da graça o Espírito do Natal Passado. Como o velho Scrooge, despertei pensando “Nela”. Há tempos não lembrava desse ponto no espaço-tempo da minha trajetória neste Universo. Um forte indício da veracidade da visita do ilustre espectro.

Visitamos o início dos anos 80, meados de 83 para início de 84 mais precisamente, quando tudo que eu pensava era terminar a faculdade como Economista, fazer uma pós de Finanças e Controladoria e me tornar o novo Roberto Campos - Bob Field para os postulantes - ou um gerente de Banco. Tudo em resposta a um certo Professor João, que ao ouvir que eu sonhava em trabalhar num banco, disse, para deleite dos meus carrascos de bullying: “só se for no banco da praça”. Expressão seguida de estrondosa gargalhada e uma silenciosa promessa para mim mesmo: “vou ser gerente do banco”. O tempo passou e depois de cinco anos trabalhando numa importante instituição financeira, por causa de uma tal de Tecnologia da Informação, descobri que eu podia mais, merecia mais. Mudei de sonho, de emprego, de setor, de faculdade e fui trabalhar na área financeira de uma multinacional, que incluía uma ponte aérea entre a Avenida Abdias de Carvalho, em Recife, e a Avenida Paulista em São Paulo: o emprego dos sonhos de todo yuppie nordestino na década de 80.

Do período de trabalho no banco, mais precisamente dos últimos seis meses, guardo a lembrança que me visitou hoje.

No final do expediente das sextas-feiras, formávamos um paredão de engravatados e seus terninhos, vestidos ou pendurados nos ombros, para assistirmos ao desfile das beldades que saiam do trabalho e passavam no calçadão da Rua Nova, como se fosse uma passarela, em direção às paradas de ônibus da Praça da Independência ou da Avenida Dantas Barreto. Entre elas, “Ela”. Surgia dobrando a esquina da loja A Primavera, e literalmente desfilava pelos 20 e poucos metros que nos separavam, com seu elegante terninho verde ou azul marinho, não recordo precisamente, com seus cabelos castanho-claros na altura dos ombros, seus aparentes olhos claros e, claro, o sorriso mais lindo que todos atestavam jamais terem visto. Só depois de ultrapassar o ponto onde nos reuníamos, girava levemente a cabeça e, sem desmanchar o sorriso, desferia o seu costumeiro olhar fulminante... Em minha direção.

Ato contínuo, a rapaziada, em algazarra, me exortava a segui-la e abordá-la com um convite para um happy hour ou um forrozinho pé de serra no Alto da Sé, em Olinda, nosso programa favorito, e quem sabe um weekend na praia de São José da Coroa Grande, nosso reduto de veraneio, para esclarecer as dúvidas ou confirmar as certezas, que pairavam no imaginário dos meus colegas, sobre o corpo escultural da “moça bonita da praia de Boa Viagem”, como canta o Alceu. Mas nada disso nunca aconteceu.

Depois que ela passava, da algazarra, de eu ser vilipendiado pelos meus colegas de trabalho, pela minha inércia, eu pegava meus livros e cadernos e ia assistir as duas últimas aulas no Campus da UFPE, na Cidade Universitária. Que viagem!

Viajava pensando se algum dia eu a conheceria, quem era, qual o seu nome, o que fazia, qual os seus sonhos e, principalmente, qual o real propósito daqueles olhares. Isso eu nunca soube ou jamais saberei.

Hoje e todas as vezes que lembro desses fatos, me invade uma avalanche de questionamentos: se isso, se aquilo, se aquilo outro tivesse acontecido, como teria acontecido e em que se tornaria, em quem eu me tornaria. Quase um mergulho na minha psique ou no pensamento Heideggeriano do Dasein. Não tenho arrependimentos de todas as minhas versões vividas, mas, mais uma vez, após as lembranças eu penso: ainda tenho vontade de conhecê-la ou, pelo menos, saber o seu nome para dizer em meus pensamentos: “Moça Bonita”, Feliz Natal!!!


Vital Sousa, Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Imagem: Freepik

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Amor.com: entre o clique e o coração Amor.com é um espelho da nossa época: e um grito contra ela. É a poesia tentando respirar entre notificações. É o amor tentando se salvar do Wi-Fi. Vânia Costa nos entrega um livro que não é apenas uma coletânea de poemas, mas uma cartografia emocional da era digital. Aqui, o amor aparece em todos os seus estados de conexão: plugado, offline, hackeado, reiniciado, deletado e renascido. Cada verso é uma tentativa de lembrar que, por trás de cada tela, ainda existe um coração. Inspirada por um mundo que confunde “curtidas” com afetos e “seguidores” com abraços, Costa escreve com uma mistura rara de doçura e lucidez. Sua linguagem é acessível, mas repleta de imagens que rasgam o cotidiano com beleza e dor. Entre uma metáfora e outra, a autora nos devolve o espanto da presença: o amor não como ideia, mas como vivência concreta, feita de corpo, toque, tempo e verdade. Lendo Amor.com , é impossível não reconhecer a própria vida: as conversas interrompid...

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  Severina : vida e morte; morte e vida. Severina é a mais pura expressão das cruezas da vida dos sertanejos. Ontem, hoje e sempre, não, apenas, dos retirantes, mas, também, dos que ficam, que se negam a deixar o seu chão, pois sabem, têm consciência, que não são miseráveis, mas ricos e esperançosos. Ficam para esperar a chuva com a perspectiva de uma vida digna e confortável. Severina : escultura, obra de arte de Mocinha Ferreira. Retrata, de forma contrita e respeitosa, a sua condição. Tem o rosto marcado, as mãos marcadas, o corpo marcado, a alma marcada pelas frestas que a iluminam. Curvada em respeito à sua natureza, suas mãos postas é mais que oração: é agradecimento pela lição de vida e pela morte como caminho de libertação. Mocinha Ferreira : Escultora, Artista, talvez não conheça o poema do João Cabral, mas conhece deveras a história que o inspirou: a sua realidade. Talvez não conheça a força da sua Obra de Arte, mas conhece deveras o caminho para levantar a sua voz. Sev...

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Palloma Santos – Querida Eu

Como diz o Vinicius de Moraes no seu “Samba da Benção, “a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. Deveras, Poetinha! Eu do meu lado tenho dito que na “Vida de Escritor”, Literária, Real ou Inventada vivemos de encontros para lembrar que ainda sou, és, serei, serás, seremos convergências da nossa vontade. Num desses encontros, no meio do caminho para tornar-me escritor em tempo integral, conheci Palloma Santos. Antes de falar sobre ela, razão desta crônica, quero reforçar o momento do encontro porque é a confluência de duas trajetórias, de dois escritores que tomaram a decisão de tornar a escrita os seus propósitos de vida. Evito a expressão “escritor profissional”, usando a expressão “escritor em tempo integral”, porque compreendo que escrever é muito, mais do que profissão: é propósito, é missão, é processo, é terapia, é cura. No caminho dos preparativos para experienciar a trajetória de um personagem enquanto preparava o lançamento de mais um livro, conhe...